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Nobre de Carvalho, Teresa, "Colóquios dos Simples de Garcia de Orta: Notícias sobre as drogas e especiarias da Ásia na Europa de Quinhentos", dins: Oberhelman. Steven M. (ed.), Tome 2: Plants. Botany, Gardens, ›Materia medica‹, Ethnopharmacology, Berlín, De Gruyter (Medical Traditions, 6-2), 2025, pp. 635-662.
- Resum
- Nos séculos XV e XVI, os portugueses lançaram amplas campanhas de exploração dos mares, que permitiram o estabelecimento de fortalezas, entrepostos e feitorias, desde o Brasil até ao Japão. A observação da natureza revelouse um método primordial para ajudar os mareantes na sua progressão oceânica. O conhecimento das marés, o domínio dos regimes de ventos, a identificação de novas constelações, o registo de ocorrência de bandos de aves marinhas ou a descrição de árvores e plantas costeiras tornaram-se ferramentas fundamentais para auxiliar as armadas na sua localização e na orientação das suas navegações através dos mares do globo. A cada desembarque, os portugueses dialogaram com as gentes locais, recensearam novos recursos, registaram diferentes mercados e descreveram novas plantas alimentares, suas aplicações têxteis ou virtudes terapêuticas. Todas estas notícias foram cuidadosamente anotadas em diários de bordo, roteiros, relatórios e cartas. Relativamente aos territórios asiáticos verificouse, desde 1498, uma aturada recolha de notícias classificadas que identificavam portos de origem de produtos, principais mercados e rotas de distribuição, assim como descreviam usos e aplicações de novas plantas medicinais. Estas informações, porque tinham relevância estratégica, tiveram uma circulação restrita, tendo as autoridades portuguesas mantido sigilo a seu respeito durante décadas. A sua divulgação só veio a ser autorizada em 1563 quando foi editado, em Goa, Colóquios dos Simples, e Drogas he Cousas Mediçinais da Índia. Este tratado médico-botânico foi o único compêndio científico publicado, na Ásia, pelos portugueses de Quinhentos. O seu autor foi Garcia de Orta (ca. 1500–1568), um médico que, formado nas escolas peninsulares, viajou para Goa em 1534, tendo permanecido na Ásia até à sua morte. Durante esta sua prolongada permanência no Oriente, Orta teve oportunidade de observar as plantas e drogas asiáticas, inquirir as gentes locais sobre as regiões de origem dos produtos, identificar os principais mercados de distribuição das especiarias, assim como observar e questionar as práticas de hakims e físicos gentios.
- Matèries
- Medicina - Farmacologia
- URL
- https://doi.org/10.1515/9783110778878-026
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