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Rocha, Ana Rita, A Assistência em Coimbra na Idade Média: Dimensão Urbana, Religiosa e Socioeconómica (séculos XII a XVI), Coimbra, Tesis dicroral de la Universitat de Coimbra, 2019, 577 pp.
- Resum
- A presente tese tem como objetivo o estudo da assistência aos pobres, doentes, peregrinos e outros carenciados na cidade de Coimbra, desde os inícios do século XII até aos primeiros anos do século XVI, quando foi fundado o Hospital Real, por D. Manuel. Nela centramos a nossa atenção, por um lado, no papel da sociedade no socorro aos mais necessitados e, por outro, nas instituições de caridade que foram surgindo na urbe conimbricense, ao longo de toda a Idade Média, com o propósito de prestarem um auxílio mais eficaz aos pobres e a todos os que sofriam qualquer tipo de privação. Ao mesmo tempo, privilegiamos o diálogo das várias formas de assistência com a envolvente urbana, social, económica, religiosa e política. Em primeiro lugar, contextualizamos o tema, refletindo sobre conceitos e descrevendo a evolução cronológica da prática da caridade, na Europa medieval, com particular enfoque em Portugal. Neste sentido, começamos por definir os grupos de assistidos, sopesando a problemática de “pobre” e “marginal”, que envolviam componentes distintas, mas interligadas, para compreendermos quem eram os pobres dignos de serem socorridos pela assistência cristã. Segue-se a clarificação da noção de caridade e traça-se a sua linha evolutiva, tendo sempre presente a ideologia em que assentava. Este enquadramento teórico fica completo com a enunciação das várias entidades que assumiram a função de auxiliar os mais desfavorecidos. No segundo capítulo deste estudo, recorrendo a mais de uma centena de testamentos e doações, abordamos o envolvimento da sociedade conimbricense com as questões da pobreza. Depois de uma incursão pelo núcleo documental compulsado, centramo-nos nos indivíduos que contemplaram, com legados caritativos, os pobres, no sentido lato do termo, e estabelecimentos de beneficência, procurando conhecer a sua condição socioprofissional e, consequentemente, quem manifestou maior sensibilidade e preocupação com os problemas que afetavam os estratos sociais mais desprotegidos. No subcapítulo seguinte, debruçamo-nos sobre os beneficiários dos donativos pios, com o intuito de identificar as várias categorias de assistidos e instituições contempladas e caracterizar aqueles que as compunham. Esta parte termina com uma análise quantitativa e qualitativa dos tipos de bens que os testadores e doadores destinavam para fins assistenciais. O terceiro capítulo, estruturado em várias alíneas, é dedicado às confrarias e estabelecimentos hospitalares, onde se incluem os hospitais, albergarias, mercearias e gafaria, da cidade de Coimbra. Iniciamos esta abordagem com o levantamento cronológico de todas as instituições de caridade documentadas na urbe em estudo e com a descrição da implantação da “rede” confraternal e assistencial no espaço citadino. De seguida, em duas secções diferentes, procedemos ao estudo detalhado das irmandades e estabelecimentos hospitalares, no qual tratamos os vários aspetos relativos à natureza, estrutura orgânica, objetivos e funcionamento destas instituições. Num quarto momento, focamo-nos no património que as casas de assistência acumularam e administraram, ao longo da Idade Média, e que constituía a sua principal fonte de rendimento. Neste aspeto, concedemos particular atenção às diversas formas de aquisição de imóveis, à composição e localização da propriedade, de acordo com quatro áreas geográficas de implantação (cidade, aro, termo e outras espacialidades) e ainda à política de exploração patrimonial, atendendo aos tipos de contratos agrários, rendas e contratantes. Por último, analisamos a crescente intervenção régia na administração das confrarias e hospitais de Coimbra, que conduziu à reforma da assistência e ao fim do “modelo” caritativo medieval.
- Matèries
- Hospitals
Història
- URL
- https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/88788
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